sábado, 14 de julho de 2012

Aprenda o be-a-bá do sangue, o líquido da vida


O grupo O negativo é doador universal? As pessoas do grupo AB podem receber sangue de todos os grupos e só doar para seu próprio? Mergulhamos na hematologia através de um especialista do Centro de Transfusão da Cruz Vermelha, que nos explica as características dos diferentes grupos sanguíneos.
O sangue se divide em glóbulos vermelhos, plasma e plaquetas. Os glóbulos vermelhos são células em cuja membrana há uma série de proteínas com diferentes funções. Algumas destas proteínas determinam o grupo sanguíneo. Têm muitos variantes e cada variante é um sistema de grupos sanguíneos. Há mais de cem, mas os mais importantes são o sistema ABO e o sistema Rh.
O sistema ABO foi o primeiro a ser descoberto. Foi Karl Landsteiner em 1901 e por este trabalho recebeu o prêmio Nobel de Medicina em 1930. O cientista austríaco assinalou que existiam quatro grandes grupos sanguíneos: A, B, AB e O.
O antígeno que determina o grupo sanguíneo de uma pessoa está nos glóbulos vermelhos enquanto no plasma há anticorpos que reagem contra os antígenos de outros grupos.
 "O grupo A tem anticorpos anti-B. Desta maneira, se a uma pessoa do grupo A receber sangue do grupo B, terá uma reação muito grave", explica Emma Castro, diretora-gerente de Centro de Transfusão de Cruz Vermelha em Madri, Espanha.
"Além disso, as pessoas com sangue do grupo B têm anticorpos anti-A. As do grupo O, por sua vez, contam tanto, com anticorpos anti-A como com anticorpos anti-B, de tal modo que não podem receber sangue A, B nem AB", comenta a especialista.
Mas no caso do grupo AB, como tem os dois antígenos, em seu plasma não há anticorpos anti-A nem anti-B. "Por isso o das pessoas AB é o plasma compatível universal. Podem transfundir com grande segurança para todos os grupos. De fato, é o plasma mais utilizado em emergências, quando não se conhece o grupo sanguíneo do paciente", acrescenta a especialista.
"Em épocas passadas se cunhou a ideia de que o doador universal era O negativo. Isto era certo quando se fazia transfusão de sangue em sua totalidade. Mas agora o sangue é dividido em seus componentes e para cada paciente damos só o que precisa: plaquetas, plasma ou glóbulos vermelhos. Por isso, o que temos que olhar é a compatibilidade de cada componente", assinala Emma.

Deste modo, o doador universal de glóbulos vermelhos é o grupo O negativo, mas o doador universal de plasma é o AB. Além do ABO, o outro grande sistema de grupos sanguíneos é o Rh. Tem vários antígenos, mas o fundamental é o D. Quem o tem é Rh positivo e quem não o possui é catalogado como Rh negativo.
"No sistema Rh não há anticorpos frente aos antígenos que não se tem. Estes só são produzidos após uma transfusão ou de uma gravidez", diz a médica. Deste modo, se uma mulher com grupo Rh negativo fica grávida de um homem Rh positivo e seu bebê é Rh positivo, na primeira gravidez não costuma acontecer nada. No entanto, se fica grávida de novo, pode ter muitos problemas.
"Por isso é fundamental transfundir para as mulheres do grupo Rh negativo sempre sangue Rh negativo", comenta a especialista.
As transfusões sanguíneas salvam muitas vidas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que "cada doador de sangue é um herói".
Emma afirma que se precisa de sangue todos os dias e assinala que temos que ser conscientes de que todos podemos necessitá-lo alguma vez.


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