Risco diminui até 87% em 10 a 15 anos após o procedimento ser feito
Um estudo desenvolvido pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia, descobriu que pacientes com obesidade que passam por uma cirurgia para redução do estômago correm menos risco de sofrer com diabetes tipo 2. Os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine.
Os pesquisadores compararam 1.658 pessoas com obesidade, mas sem diabetes, que escolheram se submeter à cirurgia bariátrica, com 1.771 pessoas também com obesidade e sem diabetes, mas que optaram por não fazer a cirurgia e apenas mantiveram hábitos saudáveis, como dieta e exercícios.
Após 10 anos, 28% dos pacientes do grupo de controle desenvolveram diabetes, contra apenas 7% de casos no grupo que fez a cirurgia. Os mesmos grupos foram analisados novamente após 15 anos e os autores encontraram 38% de casos de diabetes no grupo de controle, e 13% no grupo da cirurgia. Estes valores correspondem à redução do risco de diabetes em cerca 80% após a cirurgia bariátrica.
O estudo também mostrou que a cirurgia pode melhorar os níveis de açúcar no sangue em pacientes com obesidade. Entre os pacientes que já tinham níveis elevados de açúcar no sangue, aqueles que foram submetidos à cirurgia de perda de peso reduziram seu risco de diabetes em 87%. Segundo os autores, para cada 13 dessas pessoas que se submeteram à cirurgia, 10 estariam livre do diabetes após 10 anos.
De acordo com os estudiosos, mais pesquisas são necessárias para que a cirurgia bariátrica seja diretamente recomendada na prevenção do diabetes em pacientes com obesidade. Além disso, não se sabe qual o tipo de cirurgia bariátrica é a mais indicada para que esses efeitos sejam mais bem aproveitados.
Segundo as diretrizes do National Institutes of Health (EUA), a cirurgia bariátrica é apropriada apenas para pessoas cujo índice de massa corporal (IMC) é 40 ou mais, ou acima de 35 para aqueles que tenham uma doença grave relacionada à obesidade, como diabetes ou doença cardíaca.
Sucesso da cirurgia bariátrica depende de mudanças de hábito
A maioria dos pacientes que decide optar pela cirurgia bariátrica, seja para emagrecer ou para diminuir o risco de doenças como o diabetes, não está pronto para encarar as mudanças de hábito que o procedimento acompanha. De acordo com a psicoterapeuta Luciana Kotaka, especialista do Minha Vida, as pessoas acreditam que essa é a forma mais fácil de se perder peso, pois não precisarão fazer dieta ou exercícios. "Além de isso ser um equivoco, a falta desses hábitos faz com que o paciente volte ao peso anterior à cirurgia", diz. Siga as orientações da especialista e entenda as mudanças que precisam ser adotadas após uma cirurgia bariátrica:
Conte com uma equipe para orientá-lo
É essencial ao paciente ser acompanhado por equipe que inclui cirurgião, nutricionista e psicólogo, que irão avaliar o paciente e verificar se ele está apto ou não para o procedimento. "É importante entender que as mudanças não são somente alimentares, mas também comportamentais", diz Luciana Kotaka.
Mude os hábitos
"O paciente precisa ter consciência de que a quantidade que irá comer não é mais a mesma, e que mesmo com o estômago reduzido é necessário manter bons hábitos alimentares e praticar exercícios, se não a cirurgia terá sido em vão", afirma a psicoterapeuta Luciana.
Mantenha o acompanhamento médico mesmo após a cirurgia
"Grande parte dos pacientes acredita que a própria cirurgia tem a capacidade de mudar hábitos instalados há anos, o que não é verdade", afirma Luciana Kotaka. A especialista afirma que é comum os pacientes trocarem a compulsão por comida pelo álcool, por exemplo. "Eles descobrem que emagrecer não resolve problemas pessoais, e acabam redirecionando esses medos para outros vícios", diz. Nesse sentido, é importante que ele continue o acompanhamento durante o tempo necessário após a cirurgia.
Tenha consciência do seu próprio corpo
Quando a opção pela cirurgia bariátrica é tomada, o paciente precisa ter consciência de que o sucesso do procedimento depende da mudança de hábitos, como praticar exercícios, manter a dieta e promover seu bem-estar emocional. "Caso não consiga se comprometer com as etapas fundamentais desse processo, poderá recuperar o peso perdido, o que pode levar a cobranças internas ainda maiores", declara Luciana Kotaka.
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