Como tem sido difícil para muitas mães ensinar aos
filhos a importância da boa alimentação. Há pouco tempo para preparar a comida
em casa, para estar com os filhos nos horários das refeições, para fazer o
lanche que levarão à escola etc.
No mundo da velocidade, ensinar a criança a comer e
a conviver com a família em torno da mesa tem sido tarefa quase impossível.
Precisamos reconhecer: a oferta de porcarias
deliciosas dirigidas às crianças está muito grande. E esses alimentos são
muito, muito sedutores. Lanches dos mais variados tipos, biscoitos coloridos
com ou sem recheio, salgadinhos crocantes de todos os formatos e cores,
frituras mil, chocolates, refrigerantes e muitos, muitos doces.
Temos tentado resolver essa questão principalmente
porque a saúde infantil tem reclamado. Sobrepeso e obesidade, hipertensão,
taxas altas de colesterol, doenças do aparelho digestivo e distúrbios
alimentares --problemas antes restritos ao mundo adulto-- agora marcam presença
na vida de muitas crianças.
Em função desse panorama, vários Estados
brasileiros já elaboraram leis para obrigar cantinas escolares a vender
exclusivamente alimentos saudáveis e proibir a comercialização de itens
gordurosos e industrializados, por exemplo.
Muitas escolas também já começam a oferecer alguns
recursos para colaborar com o enfrentamento do problema: contratam
nutricionistas, oferecem lanches balanceados, orientam pais e professores,
realizam atividades culinárias com as turmas e abordam o tema da alimentação
com seus alunos.
A questão é difícil tanto para as famílias quanto
para as escolas. Afinal, como ajudar a criança a aprender a comer bem? Vamos
tentar localizar alguns focos dessa questão.
O relacionamento entre pais e filhos mudou muito
nas últimas décadas. Uma dessas mudanças foi radical: os pais têm receio, hoje,
de perder o amor de seus filhos. Antes era o oposto: os filhos obedeciam por
medo de perder o amor dos pais.
Dá para entender essa virada: em um mundo de
relacionamentos afetivos extremamente frágeis, precisamos ter a garantia da
permanência de alguns vínculos. Numa época em que o prefixo "ex" se
multiplica na frente de palavras como marido, sogra, cunhado etc., nada como
tentar assegurar que o bom relacionamento com os filhos permanecerá.
O problema é que isso tem se concretizado de
maneiras equivocadas. Uma delas é a atitude de muitos pais de tentar dar ao
filho tudo o que ele quer.
E o que a criança quer comer? Aquilo que achamos
gostoso e que oferecemos a ela justamente por esse motivo. Vamos falar a
verdade: queremos que as crianças se alimentem bem por questões de saúde, não é
verdade? Mas elas logo percebem que o que lhe oferecemos porque consideramos
gostoso não coincide com o que queremos que comam porque faz bem.
A mãe de uma garota de menos de dois anos me disse
que estava bem difícil fazer a filha almoçar, porque ela só queria biscoito.
Perguntei à essa mãe como a criança descobrira os
tais biscoitos e ela me respondeu que ela mesma é que havia introduzido esse
alimento em casa. "Por que eu deveria privar minha filha de comer coisas
gostosas? Eu só não sabia que ela iria gostar tanto a ponto de passar a recusar
as refeições."
E devo dizer: essa mãe permite que a sua filha
substitua o almoço e o jantar por biscoitos. "Vou deixar que ela chore de
fome?", perguntou ela.
A
maior parte das dificuldades alimentares de uma criança tem, portanto, origem
no tipo de relação que seus pais estabelecem com ela e também com as escolhas
que nós, adultos, fazemos do que consideramos gostoso. É ou não é?
Rosely
Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais
dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga
sobre o dia-a-dia dessa relação. É autora de "Como Educar Meu Filho?"
(Publifolha), entre outros. Escreve às terças na versão impressa de
"Equilíbrio".
É uma pena não ter sido escrito por uma Nutricionista, mas o texto é muito realista. Quanto a pergunta da mãe se deixar a criança chorar de fome, talvez alguém me crucifique por isso, mas sim, deixe, assim que a fome realmente bater, ela vai comer comida saudável.
Tenham todos uma semana Abençoada.
Att Joelma Pasqualli Paganini
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