Cientista da Califórnia estuda os efeitos da oxitocina, o hormônio do
amor.
Pesquisa analisa como a química do cérebro pode influenciar nas
decisões.
Jorge Pontual
Nova York, EUA
Porque
a internet é tão fascinante? Capaz de fazer uma pessoa ficar horas conectada?
Afinal, o que acontece no cérebro da gente quando estamos sob o efeito da
internet?
A Conecte viajou até Claremont, uma pequena e pacata cidade da
Califórnia, à uma hora e meia de Los Angeles, para conhecer as experiências do
doutor Paul Zak, um pesquisador que se dedica a um novo ramo da ciência, a
neuroeconomia, que estuda como a química do cérebro pode influenciar nossas
decisões.
Há dez anos, o pesquisador conseguiu uma autorização do governo
para fazer pesquisas com o hormônio oxitocina, que é produzido pelo cérebro em
situações de intimidade, como abraços e proximidade da mãe com o filho.
A oxitocina, mais conhecido como o hormônio do amor, é produzido
no nosso cérebro e explica porque a mãe se apaixona pelo bebê na hora de dar de
mamar e também porque nos apaixonamos por pessoas totalmente estranhas que
encontramos na internet.
O repórter Jorge Pontual aceitou ser a cobaia do doutor Zak.
“Ele me explicou que eu vou ter que ficar sozinho, acessar a internet durante
15 minutos, nas redes sociais que uso normalmente, mas sozinho pro efeito ser
realmente real", conta Jorge.
“Durante 15 minutos eu entrei no Twitter, bati papo com os meus
amigos. Entrei no Facebook. Fiz uma nova amiga. Uma pessoa legal que a gente
tem coisas em comum. Enfim, foi uma experiência bem legal. Mandei email pros
amigos, bati papo com um amigo que está no Rio”, diz o repórter.
Antes de ficar online e depois, foram coletadas amostras do
sangue do repórter. “Ele tirou o sangue para comparar o sangue tirado antes e
depois de eu ficar 15 minutos nas redes sociais”.
A experiência agradável que o repórter teve nas redes sociais elevou o nível de oxitocina em 5%. Em média, o doutor Zak tem verificado um aumento de até 45%.
A experiência agradável que o repórter teve nas redes sociais elevou o nível de oxitocina em 5%. Em média, o doutor Zak tem verificado um aumento de até 45%.
No caso do repórter não foi tão alto, segundo Zak, porque o ele
é uma pessoa muito sociável e a conversa com o médico antes do teste foi ótima,
inundou seu cérebro de oxitocina. Mesmo assim, a sensação de encontrar amigos
na internet aumentou ainda mais a quantidade desse hormônio. Isso explica
porque é tão prazeroso ficar online.
Uma das experiências mais famosas do doutor Zak é com o jogo da confiança. Metade dos participantes inalou uma dose de oxitocina, a outra metade uma espécie de placebo. Eles não sabem quem recebeu o hormônio.
Uma das experiências mais famosas do doutor Zak é com o jogo da confiança. Metade dos participantes inalou uma dose de oxitocina, a outra metade uma espécie de placebo. Eles não sabem quem recebeu o hormônio.
Os detalhes do jogo são complicados, mas em resumo, cada jogador
decide se dá ou não uma quantia de dinheiro a outro jogador. Se for generoso,
recebe muito de volta. O que o Doutor Zak comprovou com o teste é que as
pessoas com nível mais alto de oxitocina são mais generosas. Confiam mais nas
outras.
Para o doutor Zak, o poder da internet de ativar a produção de
oxitocina no cérebro tem um lado positivo, causa prazer, mas também pode ser
negativo, quando há um uso excessivo. “A oxitocina nos faz sentir relaxados,
confortáveis, ou se você preferir, amados. Acho que as pessoas que não tem uma
vida social rica fora das mídias sociais, meio que ficam muito presas a elas.
Eu acho bom se essa é a melhor oportunidade que se tem para interagir. É ruim
se interfere na sua vida diária”.
Edição do dia 29/05/2012
30/05/2012 00h57 - Atualizado em 30/05/2012 00h57
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