Doença celíaca: siga oito cuidados além da restrição ao glúten
Deslizes na dieta
podem favorecer osteoporose, infertilidade e até câncer
Uma vez que o glúten é
totalmente banido da alimentação, a pessoa com doença celíaca terá uma vida
saudável e livre de complicações. Parece simples, mas na prática isso nem
sempre acontece. "Cerca de 30% dos celíacos que frequentam o nosso serviço
afirmam que fogem da dieta algumas vezes", conta a gastroenterologista
Vera Lúcia Sdepanian, coordenadora do ambulatório de celíacos da Escola
Paulista de Medicina da Unifesp.
A médica também conta que há milhares de pessoas que têm algum grau de intolerância ao glúten e não sabem, por não terem sintomas muito intensos ou por não procurarem ajuda médica. A presença de glúten no organismo de quem é intolerante pode provocar desde diarreia até anemia e infertilidade. Aproveite o Dia Internacional do Celíaco, 20 de maio, e fique de olho nos principais cuidados com a saúde e passe longe das complicações listadas por especialistas.
A médica também conta que há milhares de pessoas que têm algum grau de intolerância ao glúten e não sabem, por não terem sintomas muito intensos ou por não procurarem ajuda médica. A presença de glúten no organismo de quem é intolerante pode provocar desde diarreia até anemia e infertilidade. Aproveite o Dia Internacional do Celíaco, 20 de maio, e fique de olho nos principais cuidados com a saúde e passe longe das complicações listadas por especialistas.
Câncer e diabetes
"Quando
a pessoa tem doença celíaca, o organismo reage ao glúten formando
substâncias nocivas que atrofiam a mucosa intestinal", explica o
gastroenterologista Eduardo Berger, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos.
Se a pessoa continuar a ingerir glúten, essa atrofia ganha tanta intensidade
que pode prejudicar diversas outras funções do organismo e favorecer a
ocorrência de outras doenças, como câncer, diabetes e problemas na tireoide.
"O paciente que não segue a restrição ao glúten tem três vezes mais chances de desenvolver Linfoma não-Hodgkin, câncer que afeta o sistema linfático", afirma Vera Lúcia Sdepanian. Os riscos de câncer de intestino são ainda maiores. Portanto, é importante consultar o médico sobre a necessidade de realizar colonoscopia e outros exames que possam detectar neoplasias.
"O paciente que não segue a restrição ao glúten tem três vezes mais chances de desenvolver Linfoma não-Hodgkin, câncer que afeta o sistema linfático", afirma Vera Lúcia Sdepanian. Os riscos de câncer de intestino são ainda maiores. Portanto, é importante consultar o médico sobre a necessidade de realizar colonoscopia e outros exames que possam detectar neoplasias.
Infertilidade
A
relação entre doença celíaca e infertilidade é comprovada por estudos. "Ainda
não se sabe a causa direta disso, mas acreditamos que possa ser a ação das
citocinas - substâncias químicas que podem lesionar as células - ou a falta de
absorção de ácido fólico", afirma a gastroenterologista Vera Lúcia. Se a
pessoa realmente excluir o glúten da dieta, não terá problemas de fertilidade.
Se houver deslizes, entretanto, é importante consultar um médico para
realização de exames.
Osteoporose
Vera
Lúcia Sdepanian explica que a perda de massa óssea não ocorre somente pela
dificuldade de absorção de cálcio. "As citocinas, que são produzidas no
intestino como resposta imunológica ao glúten, podem agir nos ossos fazendo com
que eles percam mais massa óssea do que produzam", explica a
gastroenterologista da Unifesp. Por isso, tanto pessoas que demoraram muito
para descobrir que tem doença celíaca quanto pacientes que não restringem o
glúten precisam ficar atentos à ocorrência de osteoporose.
Anemia ferropriva
Quanto
o intestino está atrofiado pelas substâncias químicas que reagem ao glúten, tem
dificuldade de absorver nutrientes, incluindo ferro, podendo
desencadear uma anemia. "O combate a esse problema tem que ser feito com a
exclusão do glúten e com uma alimentação equilibrada e rica nesses nutrientes
que faltam ao organismo, como carne vermelha e folhas escuras", afirma o
gastroenterologista Celso Mirra, membro da Federação Brasileira de
Gastroenterologia.
Falta de nutrientes
Além de cálcio, vitamina B12 e
ferro, o intestino de quem tem doença celíaca e consome glúten pode ter
dificuldade de absorver diversos outros nutrientes importantes, como vitamina D
e K. ?Essas deficiências podem causar anemia macrocítica (deficiência da vitamina
B12 e de ácido fólico), déficit de fixação de cálcio e problemas de coagulação
no sangue, entre outras complicações?, alerta Celso Mirra. Em alguns casos, o
gastroenterologista Eduardo comenta que é preciso entrar com suplementação além
da restrição ao glúten em pessoas que demoraram a ser diagnosticadas.
Intolerância à lactose
De
acordo com o nutrólogo Andrea Bottoni, coordenador da equipe de nutrologia do
Hospital Vila Lobos, se o intestino estiver muito afetado pela reação ao glúten
pode desenvolver aos poucos uma intolerância à lactose. Isso agrava os sintomas da doença
celíaca, como flatulência e diarreia. "Para tratar, é preciso excluir
tanto a lactose quando o glúten da dieta em um primeiro momento, podendo voltar
a ingerir a lactose após a mucosa intestinal se recuperar", explica o
médico.
Cuidado com medicamentos
"Há uma lei desde 2003
para que todos os medicamentos que possuem glúten apresentem no rótulo o alerta
para quem tem doença celíaca", afirma a gastroenterologista Vera Lúcia.
Ela explica que o glúten pode estar presente no excipiente do remédio, ou seja,
na parte que ajuda dar massa ou volume à medicação. "Apesar de serem
poucos os medicamentos que possuem glúten, é preciso ficar sempre de olho nos
rótulos antes de ingeri-los", recomenda a especialista.
Exames periódicos
Celso
Mirra conta que é preciso fazer - pelo menos uma vez por ano - uma consulta ao
médico para realizar exames rotineiros e testes sanguíneos específicos da
doença celíaca. "Quando o quadro clínico e laboratorial estiver
normalizado, em geral após dois anos, serão feitos os exames de endoscopia e
biópsia duodenal", comenta.
O médico da Sociedade Brasileira de Gastrenterologia também recomenda o acompanhamento constante de um nutricionista e, se necessário, um psicólogo para ajudar a seguir a restrição total de glúten. "Esse tratamento rigoroso é fundamental para evitar que a doença se torne muito grave e cause as mais diversas complicações", adverte.
O médico da Sociedade Brasileira de Gastrenterologia também recomenda o acompanhamento constante de um nutricionista e, se necessário, um psicólogo para ajudar a seguir a restrição total de glúten. "Esse tratamento rigoroso é fundamental para evitar que a doença se torne muito grave e cause as mais diversas complicações", adverte.
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