O secretário para Segurança Alimentar do Departamento de Estado dos EUA, Jonathan Shrier, esteve no Brasil para discutir formas de cooperação entre os dois países no combate à fome no mundo. Shrier espera utilizar o modelo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em países como Moçambique.
A iniciativa é parte de uma cooperação entre o governo americano, por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o governo brasileiro, representado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC). O objetivo da parceria é promover estratégias para o desenvolvimento da agricultura e a melhoria da alimentação escolar em Moçambique. Para Shrier, o Brasil é referência mundial no campo de desenvolvimento agrário e segurança alimentar. “O Brasil é um centro de excelência em tecnologia agrícola e há muito que podemos aprender sobre formas de aumentar a produção e como fazer melhor uso dela.”
Em visita ao Jardim de Infância 304 Norte, no último dia 26, Shrier teve a oportunidade de conhecer a aplicação do PNAE, que investe pelo menos 30% de recursos do programa na compra de produtos de agricultores familiares. O secretário acredita que, ao unir educação à alimentação, o exemplo brasileiro pode ser bem-sucedido em outros países em desenvolvimento. “A escola assegura que as crianças tenham acesso a refeições diárias, fazendo com que cresçam saudáveis e aprendam melhor. Assim, terão capacidade de ajudar a comunidade e contribuir para o crescimento econômico do país. Esse é o tipo de resultado que procuramos nos nossos esforços de segurança alimentar”, afirma o especialista. Além de Moçambique, a cooperação será expandida para Haiti e Honduras.
A coordenadora-geral do PNAE, Albaneide Peixinho, explica que o Brasil passou por uma situação similar à da África nos anos 1950, quando o programa foi criado. “Temos experiência para mostrar o que pode ser feito para que os países saiam da dependência de organismos internacionais e possam ter seu desenvolvimento local, investindo em programas de alimentação escolar”, disse, lembrando que, hoje, o PNAE oferece alimentação desde a creche até o ensino médio.
Em uma das pontas do programa estão pessoas como Lúcio Pereira da Silva. Ele é o vice-presidente da Cooperativa Agropecuária de São Sebastião, formada por 131 agricultores, que fornece derivados do leite, como iogurte, achocolatado e manteiga, a 50 escolas do Distrito Federal. Silva destaca a importância do programa no estímulo à produção local. “O pagamento é garantido e ainda há o incentivo de 10% pela qualidade do produto.”
Duas perguntas para Jonathan Shrier, secretário para Segurança Alimentar do Departamento de Estado dos EUA Por que o Brasil foi escolhido para essa cooperação? O Brasil tem muito a oferecer no campo de segurança alimentar e desenvolvimento agrário. No ano passado, o (ex) presidente Lula recebeu o reconhecimento do World Food Prize pelo Programa Fome Zero, que conseguiu reduzir a fome e a pobreza extrema no Brasil. Além disso, o país é um dos principais centros de pesquisa e agricultura do mundo.
Ao erradicar a fome, como garantir uma
alimentação de qualidade à população? O que vemos em muitos países é que eles
saem da pobreza e começam a desenvolver certos tipos de doenças que enfrentamos
nos Estados Unidos, como enfermidades cardíacas e diabetes, relacionadas à
obesidade. Por isso, pensar em uma nutrição adequada é importante. Há milhões
de pessoas do mundo que não têm comida o suficiente, mas, além de garantir o
alimento, temos que nos certificar de que a alimentação fornece todos os
nutrientes necessários para um estilo de vida ativo e saudável.
Fonte: Informe PNAE
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