Wilson Tubino
Eram lindos estes campos
Bem antes da descoberta.
O verde era como um manto,
A pampa era toda aberta.
Cercas, divisas, bandeiras
Não existiam por aqui.
E tudo isto era o reino
De uma nação Guarani.
Famílias se arrinconavam
Por capões, planícies, serras.
E, livres, se deslocavam
Por toda a extensão da terra.
Mas...quando haviam contendas,
Entre as tribos co-irmãs,
Se reuniam os caciques,
Os feiticeiros, os xamãs.
Se conclamava o conselho
Ao pé do fogo-de-chão
E...ali se discutia
Pra encontrar a solução.
O "itacuguá" sobre o fogo
Aos poucos a água aquecia.
E, num clima de respeito,
Aos veteranos se ouvia.
Então...o velho pagé,
De uma combuca na mão,
Tirava uma erva seca
Triturada no pilão.
E com ela preparava
Uma misteriosa infusão,
Que era chamada "caá-y"
Na língua do povo irmão.
O próprio Tupá ensinara
A preparar a mistura
Conforme diziam as crenças
E os mitos dessa cultura.
No "caiguá" se colocava
A erva e a água quante.
E a "tacuapí", que era a bomba,
Completava esta vertente.
Era assim que comungava
O nosso povo ancestral,
Unindo os seres da terra
Ao plano celestial.
E...enquanto os homens calavam
Sorvendo a infusão bendita,
Os ânimos se acalmavam
E as guerras eram proscritas.
É por isto que este mate,
Esta silenciosa oração
Nos faz tanto bem à alma
Nos conforta o coração.
Nos religando ao passado
Sem olvidar o presente,
Nos tornando mais fraternos,
Mais felizes...Mais contentes.
Por isto é que eu lhes afirmo,
Com a mais profunda emoção:
Que é Deus Tupá...que ainda fala
Na língua do chimarrão
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